quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Louco é pouco!



Para quem mora no Canadá ou para quem já veio visitar sabe que a quantidade de louco espalhada pela cidade chama atenção. Quando vejo um maluco mudo de calçada, diminuo a velocidade dos passos ou aumento. Melhor previnir do que remediar, pq já ouvi casos de gente que tomou umas pancadas desses doidos sem terem feito absolutamente nada, apenas por estar no lugar errado na hora errada.

Um dia desses eu e uma amiga estávamos caminhando quando um maluco começou a nos xingar. Minha vontade era responder com o mesmo vocabulário chulo que ele se referia a nós, mas faltou coragem. Sugeri mostrar o dedo e sair correndo, mas pensei: “E se o doido for mais rápido que eu na corrida?” O melhor era sair de perto o quanto antes, foi o que fizemos.

Ontem, no curso, o professor falava e a turma toda em silêncio absoluto, assim como em todo centro de estudos o silêncio imperava. De repente escuto a voz de um homem gritando muito alto. Bravo ele xingava um mundo de palavrões. Meu professor, um aposentado das forças armadas canadenses saiu da sala para ver o que estava acontecendo. Meu coração quase saiu pela boca por conta do susto que levei. Pelo vão da porta consegui ver o rosto da professora que levou o xingo. Coitada, pálida feito uma folha de sulfite e imóvel como uma estátua ela não teve nenhuma reação. Era possível ouvir os gritos se afastando, o homem havia deixado o local. Eis que volta o professor com um sorriso no rosto e diz: “Por isso que não dou aula de matemática.” Pasmem, o cara estava possuído de raiva por causa de um exercício de matemática.

Bjos e abraços
Rafa

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Thanksgiving



No Canadá o Thanksgiving ou Dia de Ação de Graças é comemorado na segunda-feira da segunda semana do mês de outubro, que é quando se agradece pela colheita. Os jantares ou almoços são fartos, com o famoso peru e a torta de abóbora, ícones da celebração. 

Fomos convidados por uma família chinesa/canadense para celebrar o thanksgiving na casa deles, além de nós também tinha uma família da Africa do Sul. Fiquei super feliz pelo convite e principalmente pelo carinho que esta família tem por nós. Eles estão sempre preocupados com nosso bem estar e tentam ao máximo fazer com que a gente se sinta adaptados a Vancouver. Sabe imigrante que está aqui há 20 anos e sabe das dificuldades dos primeiros anos e simplesmente abre sua casa, sua família e te oferece suporte sem ao menos te conhecer direito? E fazem isso de graça, sem esperar nada em troca. Acredito que todo imigrante tenha seu “anjo da guarda”.

A mesa estava lotada de comida, me senti em uma ceia de natal brasileira, por conta da diversidade e quantidade de alimentos e bebidas. A mãe dele quem cozinhou tudo e estava uma delicia. Quem me dera se há 20 anos meus pais que tivessem imigrado! Quando sentamos a mesa, a esposa disse: “Rafa pedi a minha sogra que preparasse tudo sem pimenta preta, por causa da sua alergia.” Fiquei morrendo de vergonha, uma ceia para dez pessoas e a preparação sofreu ajustes por minha causa. Fala se não é carinho demais?

A filha mais velha do casal tem 4 aninhos, uma fofa, que me chama de “aunt RafIÉla”. A garota me adora, bastou eu brincar de bola com ela uma tarde aqui em casa e pronto, virei a tia preferida. O mais engraçado foi na hora de embora, quando ela virou para a mãe e disse: “A tia RafIÉla não vai dormir aqui?” Hahahaha… não sou das mais jeitosas com crianças e muito menos melosa, mas não sei porque razão elas me amam.

Foi tudo muito agradável, mas confesso que ainda não me acostumei com o fato das pessoas não se tocarem e muito menos se abraçarem, sabia? É muito estranho! Ainda não aprendi como demonstrar que ‘fiquei MEGA feliz com o convite, com a comida sem pimenta preta e com a noite de risadas’ sem ser com um abraço forte. Eis que te levam até a porta e vc diz: “Obrigada. Estava uma delícia!” Para mim isso ainda soa muito frio. O que eu queria era dar um abraço bem apertado na a mãe chinesa e dizer: “Sua comida é sensacional!” Apertar o pai chinês e dizer: “É sempre um prazer ouvir suas histórias e seu sorriso é contagiante.” Abraçar o casal de amigos e falar: “Obrigada pelo carinho, vocês são muito especias.” Queria encher a filha de 4 anos de beijo, abraçá-la e girál-a no ar. Não me sinto a vontade para fazer isso e volto pra casa com a dúvida: Será que para eles o meu “Muito obrigada” tem o mesmo efeito do meu abraço apertado?

Bjos e abraços
Rafa

terça-feira, 4 de outubro de 2011

A saga do visto Americano


Antes de imigrar decidi que deixaria para tirar o visto Americano no Canadá, afinal eu já havia lido relatos de brasileiros que conseguiram o visto de primeira e logo que chegaram ao país. Então lá fui eu, depois de 4 meses no Canadá dei entrada nos trâmites do visto que começa com o pagamento de uma taxa que te dava acesso ao site e o preenchimento dos formulários. Depois é preciso pagar a taxa do visto, fazer o agendamento pela internet e ir para a entrevista com todos os documentos possíveis e imagináveis.

No dia da entrevista eu estava tensa, (mas isso não é novidade, pq eu sempre estou tensa) mas vamos combinar que entrar no consulado Americano deixa qualquer pessoa tensa. Vc passa por revistas, raio x e lá dentro tem um monte de quadro nas paredes com a cara dos suspeitos ao atentado de 11 de setembro e valor de recompensa.

Em Toronto tudo acontece em uma sala, primeiro eles coletam as digitais e vc aguarda para a entrevista enquanto assiste o povo ter seus vistos negados, o que deixa mais apreenssivo ainda. Eu já estava fazendo cálculos de probabilidade e torcendo para não cair no guichê do cara que reprovava todo mundo. É, a sorte não estava ao meu lado, minha senha apareceu na TV e me direcionava para o guichê do “não”.

O oficial perguntou há quanto tempo eu estava no Canadá e o que queria fazer nos EUA, tbém perguntou onde eu me hospedaria e logo puxou uma pasta com uma maldita folha cor de rosa. Ele preencheu e disse: "Seu visto foi negado." Perguntei: "Pq?" E ele disse que eu não tinha família e nem raízes suficientes com o país. Tentei argumentar, em vão, mas perguntei quando eu poderia aplicar novamente e o oficial respondeu que daqui algunS anoS.

Coloquei o rabinho entre as pernas e fui para casa triste. Mais um não para a lista de "nãos" que tomamos quando chegamos ao Canadá.

O tempo passou e simplesmente desencanei dessa história de ir para os EUA. Não queria ter o trabalho de tentar tirar o visto novamente, mas enfim, com Seattle aqui ao lado e calhou do Valter ter sido convidado para um evento nas terras de Obama, então era a minha chance de tentar novamente.

Passado um ano resolvi arriscar, afinal muita água já passou embaixo desta ponte. O processo mudou bastante desde a primeira tentativa. Já não é necessário pagar a taxa para ter acesso ao site, basta pagar a taxa para o visto que pode ser feito on-line com pagamento no cartão de crédito. Fiz todo o preenchimento e as datas para entrevista estavam bem distantes, mas agendei uma data qualquer e a cada 2h eu entrava novamente no site para ver se tinham aberto mais horários e com isso consegui diminuir 2 dias, 5 dias, 1 semana e finalmente consegui a data e horário que eu queria.

Ao chegar para a entrevista tem uma fila para cada horário e uma pessoa que confirma o seu nome e agendamento antes de termos acesso ao prédio. A americana pegou meu passaporte, olhou a cidade de nascimento e falou: “Tenho uma amiga que chega amanhã. Ela vem da sua cidade!” E sorriu. Sorriu??? Sim, Rafaela, ela sorriu. Quase cai de costas, será que estou no lugar certo? De lá começa a revista e raio x, um official acompanha até uma recepcionista que sorridente te diz bom dia e pergunta qual seu tipo de visto. E nesta sala (sem nenhum quadro com terroristas e recompensas) esperei para tirar as impressões digitais, em seguida a senha aparece na TV e é preciso ir para outro andar. Um outro oficial acompanha até uma sala onde estão os guichês para as entrevistas. Não dá para saber o que está acontecendo, diferente de Toronto onde ouvia-se e via-se tudo, aqui é mais difícil.

Quando fui chamada eu não estava nervosa, o que foi bom, assim não falei demais, porém o mais importante é que não falei de menos. Falei o que precisava ser dito. O oficial me fez uma pergunta, respondi e comecei a mexer no meu envelope com documentos e falei para ele que tinha um documento para compravar o que eu havia dito e ele respondeu: “Não precisa, eu confio em vc.” COMO? CÊJURA? E desta vez, sem papel cor de rosa, fui embora com um “sim”, um sorriso no rosto e um visto válido por 10 anos.

Depois de toda esta saga ficam minhas dicas:

-       Se ainda está no Brasil, aproveite que tem emprego e uma poupança gorda para solicitar o visto por ai, certamente será mais fácil;

-     Se está no Canadá e é a primeira vez que solicita o visto americano, não se precipite, espere  “criar raízes” com o país (ter emprego ou estar matriculado na universidade ou college) para não ter que passar por esse estresse de ter o visto negado;

-       Renovação de visto, até onde eu sei, é bem mais tranquilo.


Passo a passo:

Entre no site do consulado Americano: http://canada.usvisa-info.com

Na barra a esquerda tem diversas informações e explicações que ajudam a tirar dúvidas.

No canto inferior direito vc clica para começar o processo.

Faz o pagamento da taxa no valor de $140, no meu caso foi na categoria Visitor Visa for business/pleasure (B1/B2)

Tire uma foto digital (respeitando as especifícações) e faça o download para o formulário. Na dúvida, leve uma foto impressa, do contrário tem uma máquina dentro do consulado e se sua foto for negada vc pode tirar outra na hora por $10 (leve uma nota de 10 dólares para facilitar). No meu caso apenas a digital foi suficiente.

Preencher o formulário DS-160. Ao terminar, imprima tudo e carregue com você.

Se o visto for concedido você pode optar por buscar o passaporte na DHL ou que seja entregue em casa, mediante ao pagamento de uma taxa. Não me lembro o valor, mas algo em torno de $15. Recomendo a entrega em casa, a DHL fica bem for a de mão.

Não esqueça de levar o PR, tem que apresentá-lo.

Leve os documentos do marido / esposa / filhos. Ele me pediu o passaporte do Valter, mas eu não tinha levado, como ele “confiava em mim”, ainda bem que não teve problemas… rs

Leve carta dos empregadores (cargo e salário) ou da escola (carga horária e duração do curso).

Imprima a reserva do hotel que ficará hospedado, as entradas para o evento ou qualquer coisa que vc vá fazer lá.

Qualquer documento que você considere importante, leve. Melhor sobrar do que faltar.

Celulares podem ficar em um guarda-volumes.

Não leve bolsa grande, nenhum tipo de alimento, nenhum líquido… quanto menos coisas para serem revistadas, melhor.


Se faltou algo que não falei, pode perguntar! Vale lembrar que no consulado Americano cada um tem uma experiência diferente, esta foi a minha. Espero que seja útil para vcs. 

Bjos e abraços
Rafa