quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Ajudar ao próximo? Cuidado!

Sabe que ainda me surpreendo bastante com algumas coisas que acontecem aqui e confesso que não consigo aceitar muito bem. Dar lugar para idosos, gestantes e mãe com criança de colo no transporte público é uma das coisas que eu não consigo acreditar que um país de primeiro mundo não faça. Eu continuo fazendo isso, mesmo quando muitas vezes as pessoas nem aceitam o lugar, fica lá, vazio ou então um adolescente corre para sentar. Pelo menos fico com a minha consciência tranqüila. Em contra partida, depois do meu momento ‘revolta’ quando presenciei esta cena a primeira vez, parei para pensar e analisar melhor cada caso.

A conclusão que cheguei é que nem todo mundo gosta de ser ajudado e o fato de não ter lugar preferencial para estas pessoas, - ou aquela norma implícita, que está dentro de nós, de conceder o lugar – muitas pessoas que (eu acho que) deveriam ter a preferência não gostam de se sentir tratadas com diferença. Qual o problema em se idoso? Qual o problema em estar grávida? Pois é.

Certa vez, no ônibus, vi uma senhora com seis sacolas cheias, ela as carregava, três em cada mão, e ninguém para ajudá-la. A mulher estava em pé, com todo aquele peso. Fiquei inconformada e falei para o Valter: Não consigo acreditar que ninguém se oferece para ajudar esta senhora. Ele respondeu: A gente não sabe se ela quer ser ajudada. Para mim é ÓBVIO que ela queria ser ajudada. A senhora saiu do ônibus, com a meia dúzia de sacolas, quando pisou na calçada uma outra mulher foi direto nas sacolas, para ajudá-la. Eis que a mulher muito brava respondeu que não precisava de ajuda, sem a mínima educação... eis que o Valter estava certo!

Hoje, no metro, uma senhora, com esses andadores ficou entalada no vão entre a plataforma e o trem, ao tentar levantar os seus óculos caíram no chão. Um mocinho, todo preocupado abaixou e pegou os óculos. A velhinha sequer agradeceu. O metro tocou a campainha (que avisa que a porta vai fechar) e a mulher continuava ali, entalada. O mesmo mocinho foi ajudá-la a tirar o andador do buraco e a velha surtou. Começo a gritar e dizia: Não coloque a mão aqui, tire suas mãos. O cara ficou super sem jeito, com um sorriso sem graça, olhei para ele, como quem compartilha a bronca por tentar ajudar ao próximo. 

Bjos e abraços
Rafa

4 comentários:

  1. Diferenças culturais. Aqui é meio cada um na sua, mas acho que as pessoas são mais gentis no geral que no Brasil. Mas o que o Valter falou é certo - a outra pessoa pode ficar ofendida, então o pessoal já nem oferece ajuda.

    Mas outro dia fomos buscar de metrô uma cômoda e uma mesa de cabeceira que compramos. Na estação Pape não tem elevador nem escada rolante que desce, então estávamos eu e o marido com os 2 móveis e o dolly tentando descer as escadas. Um rapaz super solicito ajudou-o a descer a escada e várias pessoas se ofereceram para me ajudar com a cômoda. Meu marido achou que o cara iria querer dinheiro depois, tanto que quando chegamos aqui na estação perto de casa agradecemos e seguimos em frente sem a ajuda dele (mas com a ajuda da escada rolante). E do metrô até aqui, que carregando tudo isso é looooonge, outras pessoas ofereceram ajuda, algumas só compartilharam o sofrimento tipo "that's not fun".

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  2. Brasil 1 x 0 Canadá (quesito me ajude, abra um sorriso, seja simpático e tamo junto), nesse ponto nós somos bonzinhos até demais né...aqui vc abre um sorriso pra alguén na rua e pronto, já vira amigo...hehe

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  3. Nossa Rafa, tem pra todos os gostos aqui! Mas sou da turma q ajuda...Carrego carrinho de neném em escada, dou lugar no bus e todas as vezes fui bem recebida.
    Sei lá, minha teoria é a seguinte... Não deixo o (MAL) comportamento do outro me comandar.
    bjo e nos vemos hj, hein?

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  4. Olha, uma vez eu estava no Rio de Janeiro, no metrô, pra ser mais exata, quando uma senhora carregando um saco de laranjas (provavelmente tinha ido até alguma feira ali perto) deixou cair o bendito saco e lá se foram laranjas escada abaixo. Eu e minha mãe corremos pra ajudar a recolher as laranjas, mas não deu tempo de pegar nenhuma. A mulher surtou dizendo que não precisava de ajuda e que tinha capacidade pra catar as laranjas.
    Acho estranho. Eu tb tenho capacidade pra trocar o pneu do meu carro, por exemplo, mas se alguém vier trocar pra mim eu agradeço.

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