Sabe que ainda me surpreendo bastante com algumas coisas que acontecem aqui e confesso que não consigo aceitar muito bem. Dar lugar para idosos, gestantes e mãe com criança de colo no transporte público é uma das coisas que eu não consigo acreditar que um país de primeiro mundo não faça. Eu continuo fazendo isso, mesmo quando muitas vezes as pessoas nem aceitam o lugar, fica lá, vazio ou então um adolescente corre para sentar. Pelo menos fico com a minha consciência tranqüila. Em contra partida, depois do meu momento ‘revolta’ quando presenciei esta cena a primeira vez, parei para pensar e analisar melhor cada caso.
A conclusão que cheguei é que nem todo mundo gosta de ser ajudado e o fato de não ter lugar preferencial para estas pessoas, - ou aquela norma implícita, que está dentro de nós, de conceder o lugar – muitas pessoas que (eu acho que) deveriam ter a preferência não gostam de se sentir tratadas com diferença. Qual o problema em se idoso? Qual o problema em estar grávida? Pois é.
Certa vez, no ônibus, vi uma senhora com seis sacolas cheias, ela as carregava, três em cada mão, e ninguém para ajudá-la. A mulher estava em pé, com todo aquele peso. Fiquei inconformada e falei para o Valter: Não consigo acreditar que ninguém se oferece para ajudar esta senhora. Ele respondeu: A gente não sabe se ela quer ser ajudada. Para mim é ÓBVIO que ela queria ser ajudada. A senhora saiu do ônibus, com a meia dúzia de sacolas, quando pisou na calçada uma outra mulher foi direto nas sacolas, para ajudá-la. Eis que a mulher muito brava respondeu que não precisava de ajuda, sem a mínima educação... eis que o Valter estava certo!
Hoje, no metro, uma senhora, com esses andadores ficou entalada no vão entre a plataforma e o trem, ao tentar levantar os seus óculos caíram no chão. Um mocinho, todo preocupado abaixou e pegou os óculos. A velhinha sequer agradeceu. O metro tocou a campainha (que avisa que a porta vai fechar) e a mulher continuava ali, entalada. O mesmo mocinho foi ajudá-la a tirar o andador do buraco e a velha surtou. Começo a gritar e dizia: Não coloque a mão aqui, tire suas mãos. O cara ficou super sem jeito, com um sorriso sem graça, olhei para ele, como quem compartilha a bronca por tentar ajudar ao próximo.
Bjos e abraços
Rafa