O Valter chegou de Vancouver na quarta-feira, tarde da noite. Na quinta-feira era o último dia antes da mudança. Tinham trocentas caixas abertas na sala, esperando que decidíssemos o que mais incluir para poder fechá-las. Terminamos tudo, fechamos as caixas e fomos dormir. As 8h50 escutamos o barulho do caminho estacionando em frente ao prédio. Nada mais nada menos que 78ft de comprimento por 36ft de altura. Um MONSTRO!
Quando os caras chegaram no apartamento, eram três, disseram: “Que maravilha, vocês facilitaram muito o nosso trabalho.” Pois é, deixamos tudo separados, pronto para ser carregado para o caminhão. E eles perguntaram: "Nada de líquido, certo?" Respondemos que não e eles explicaram que os líquidos congelam durante o percurso, principalmente quando passam por Manitoba e Alberta, por esta razão eles recomendam que não tenha nenhum tipo de líquido.
Até ai, estava tudo perfeito. O motorista do caminhão era o responsável pelo inventário, ele anotava tudo e etiquetava. O outro levava as caixas para o caminhão e o terceiro protegia os móveis com uma manta.
O cara que ficou comigo no apartamento (o da manta) só contava histórias bizarras. Socorro, como tem gente que gosta de tragédia. A primeira foi o caso de uma mulher muito rica que solicitou a mudança e qdo viu o caminhão, desistiu. Disse que as coisas dela eram muito caras para ir lá dentro, num caminhão que gotejava e não tinha proteção. E ele completou: “Acho bom vcs descerem lá para ver onde vai a mobília de vcs.” O Valter foi lá conferir, óbvio.
Não satisfeito ele começou a falar que uma vez eles estavam fazendo uma mudança e entre os móveis tinha uma TV de 3 mil dólares. Eles a deixaram na calçada para que um dos funcionários a colocasse no caminhão, eis que passou um fulano, pegou a TV e saiu correndo. Qdo ele percebeu que estava sendo seguido jogou a TV e por sorte eles conseguiram pegar sem que estragasse. Enfim, ele já estava estragando a minha manhã com este papo, resolvi ir ao supermercado e largar ele lá. Quando voltei ele mandou mais uma. Certa vez o caminhão passou por uma ponte em Toronto, só que ela era muito baixa. Destruiu o caminhão, a ponte e todos os móveis. Tiveram que acionar o seguro e pagar para todos os clientes.
Depois de tanto falatório, quando ele estava quase terminando perguntou sobre o espelho e eu disse que eu tinha feito o pedido de caixa para o espelho, caixa para a TV, capas para os colchões e um plástico especial para o sofá. Eis que ele diz: “Ok, as caixas estão lá embaixo, mas vcs terão que embrulhar, pq isso não faz parte do meu trabalho.” Oi?? Sim, e completou: “A empresa vai cobrar de vcs uns 200 dólares por isso, posso fazer tudo por $40, mas vcs não falam a nada para o motorista. Pode ser?” O Valter quase pulou no pescoço dele. Tá maluco? No nosso orçamento incluía tudo, como ele quer um extra?
O cara desceu para levar alguns móveis e subiu com o outro cara. Esse fazia o estilo rapper cheio de tatuagens, falava em gírias e era qualquer coisa, menos simpático. Ele começou a embrulhar a TV e o malandrão a enrolar o sofá. Eu e o Valter nos entreolhamos e perguntamos para o cara: “Vc vai nos cobrar por isso?” O malandro desconversou e o rapper disse: “Não, isso é nosso trabalho” o malandrão retrucou alguma coisa e rapper rebateu gritando que isso era o trabalho deles e que não nos cobrariam extras. Ainda bem que a mudança estava no fim.
Eles terminaram tudo na hora do almoço, foi um alívio ver o apartamento vazio e ao mesmo tempo, bateu certo frio na barriga.
Agora vamos esperar para ver se cumprirão o prazo de entrega, peso final e as tais taxas extras, que sempre aparecem no final.
Bjos e abraços
Rafa
Espertinho aproveitador tem em todo lugar, né?
ResponderExcluirDepois desse sufoco, desejo boa viagem!
Juro, me assustei quando vi seu caminhão de mudança parado na porta do prédio.
ResponderExcluirAh, e tinha uma caixa plástica lá (acho que não era sua) cheia de líquidos, cremes, desodorante etc... Agora pelo menos entendi pq eles não deixam levar líquidos.
beijo